03 julho 2015

A China e a reformulação de um paradigma geopolítico - artigo

"Ultimamente a maioria das conversas políticas – e sociais – giram em torno da visita de sua excelência o senhor Presidente da República, José Eduardo dos Santos, à República Popular da China, onde, segundo consta, terá rubricado um ou vários acordos cujo cariz é desconhecido; e essa, infelizmente pela não divulgação dos mesmos, tem sido uma das razões, oportunas e salutares, para tanta conversa, quase diáfana, mostrando que a comunidade política e a sociedade civil estão cada vez mais atentas ao que se passa no País.

E não deixam de ser oportunas, repito, essas naturais interrogações quando o que as motiva continua no segredo dos corredores governamentais e a própria Assembleia Nacional parece estar ausente da leitura dos conteúdos que, eventualmente, tenham norteado os tais – caso tenha ocorrido, claro, – acordos sino-angolanos. E para reforçar as dúvidas, o desencontro entre uma notícia da ANGOP, quando da presença do senhor Presidente na China, e as posteriores declarações da Cidade Alta, quase que totalmente desencontradas.

Ora se há algo que nunca foi cabal e correctamente explicado à sociedade civil foram os acordos celebrados entre Angola e a China; as únicas razões evocadas foram que os chineses tinham aberto uma linha de crédito a Angola para a reconstrução das infraestruturas do País – bem necessários após uma longa e sangrenta crise militar fratricida –, acordos esses celebrados sob a garantia do fornecimento do petróleo nacional. O que se sabe é que o Ocidente, nomeadamente o FMI, terá virado as costas a Angola através de exigências que, à época, eram difíceis de serem cumpridos.

Por outro lado, a China sempre se pautou por um paradigma político que consiste em não querer saber do que se passa na vida politica interna dos outros Estados, desde que estes não ponham em causa as políticas governativas, económicas e sociais de Beijing.

Mas este não é um paradigma inócuo levado a efeito pelos chineses. Por detrás deste paradigma, ou, talvez, para ser mais exacto, a par deste habitual paradigma político, há um outro muito mais importante e que se reveste de uma importância capital para a expansão chinesa e que denomino da Teoria do Mahjong. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 387,  de 3.Jul.2015, 1º caderno, página 198

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