27 junho 2015

Uma nova versão do Heartland segundo a geopolítica chinesa ...

(O Heartland, segundo Mackinder)

De acordo com a versão online do semanário português Expresso, a China terá defendido hoje, e cito, “a continuação da Grécia na zona euro, mostrando-se disponível para "contribuir" para uma solução para a crise. Declarações são feitas dois dias antes da cimeira com a União Europeia, que decorre segunda-feira, em Bruxelas” (fim de citação).

Esta atitude chinesa de se pôr adiante, perante os Gregos e a Europa, não é mais do que um reafirmar daquilo a que já designei da Teoria de Mahjong – onde a política externa chinesa através da “queda” peça a peça territorial, e com a sua reconhecida paciência, vão forçando todos os territórios limítrofes a se submeterem ao controlo político, geográfico e militar chinês!

Na realidade passa pela China recuperar aquilo que considera seu (os tais territórios limítrofes – o Tibete é um dos casos, bem como as penínsulas do sudoeste asiático – mais os territórios conquistados por Gengis Khan e apertar o cerco aos "falidos" (recorde-se EUA, Europa, África) até a tenaz ser impossível de ser aberta!

Em boa verdade, e na perspectiva chinesa, não há aqui mais que uma nova versão do Heartland do geógrafo e estratega britânico Halford John Mackinder, que segundo a sua interpretação, o Estado que controlasse todo o Heartland poderia tentar obter saídas para mares abertos e tornar-se uma potência anfíbia que poderia dominar o que ele denominava World Island (Ilha Mundo), zona compreendida pela Eurásia e África do Norte, ligados pelos Montes Urais e pelo istmo de Suez. Daí que Mackinder defendesse o reforço dos Estados talassocratas (potências marítimas, no caso o Reino Unido, mas que foi mais levada a sérios pelos EUA).

Ora, perante estes novos dados geopolíticos, pode-se e deve-se complementar aquela estratégia geopolítica com a teoria geopolítica de Nicholas John Spykman, o Rimland, onde previa e que o controlo marítimo (leia-se, todos os Estados marítimos entre a Ásia e a América do Norte, contornando toda a África) por parte de uma nova potência epirocrata (potências continentais) levaria ao evidente controlo de todas as rotas marítimas asfixiando o comércio e político internacionais. Ora Spykman dizia que quem “controlasse o Rimland governaria a Eurásia, e quem governasse a Eurásia controlaria os destinos do mundo”!

Com calma e a sua proverbial paciência os chineses vão conseguindo alguns dos seus intentos. É certo que tem um adversário de peso, ainda que com um calcanhar de Aquiles muito debilitado, chamada Rússia. Não é em vão que Putin tenta mostrar uma Federação Russa forte, determinada, política e militarmente, embora com evidentes carências financeiras e económicas – como mostram as sanções euro-norte-americanas – mas que procura esbatê-las através de sinaléticas financeiras, como as que já fez constar através de uma ajuda à Grécia, o que colocaria em causa as geopolíticas ocidentais, em particular, a OTAN/NATO!

Sem comentários: